Oct 28, 2023
ONU alerta milhares de pessoas traficadas para crimes online no Sudeste Asiático
Ásia Foto de arquivo de uma pessoa digitando em um laptop. (Foto: AP/Elise Amendola) GENEBRA: Centenas de milhares de pessoas estão sendo coagidas no Sudeste Asiático por gangues criminosas a realizar golpes online,
Ásia
Foto de arquivo de uma pessoa digitando em um laptop. (Foto: AP/Elise Amendola)
GENEBRA: Centenas de milhares de pessoas estão sendo coagidas no Sudeste Asiático por gangues criminosas a realizar fraudes online, muitas vezes sob ameaça de tortura, informou a Organização das Nações Unidas na terça-feira (29 de agosto).
Muitas foram traficadas para trabalhar na criminalidade online e enfrentam violações graves, como tortura ou violência sexual, afirmou a ONU num relatório.
“As pessoas que são coagidas a trabalhar nestas operações fraudulentas sofrem tratamento desumano enquanto são forçadas a cometer crimes”, disse o chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk.
"Eles são vítimas. Não são criminosos."
A escala do flagelo no Sudeste Asiático é difícil de avaliar devido à natureza clandestina da prática e às lacunas na resposta das autoridades, observou o relatório.
No entanto, afirmou que fontes credíveis indicaram que pelo menos 120.000 pessoas em Mianmar podem ser detidas em situações em que são forçadas a realizar fraudes online.
As estimativas no Camboja são de cerca de 100 mil, acrescentou.
Laos, Filipinas e Tailândia estão entre outras nações da região identificadas como os principais países de destino ou trânsito.
O porta-voz da polícia cambojana, Chhay Kim Khoeun, disse não ter visto o relatório da ONU, mas questionou o número.
"Não sei como responder, de onde eles conseguiram o número (100 mil)? Eles investigaram? Onde eles conseguiram os dados? Os estrangeiros estão apenas dizendo coisas."
O governo militar de Mianmar não respondeu aos pedidos de comentários.
Os centros fraudulentos geram receitas que ascendem a milhares de milhões de dólares por ano, afirmou a ONU.
As vítimas vêm de toda a região da ASEAN, da China continental, de Hong Kong, de Taiwan, do Sul da Ásia e de países mais distantes da África e da América Latina.
A maioria das pessoas traficadas para operações fraudulentas online são homens, embora mulheres e adolescentes também sejam vítimas, disse o relatório.
As redes ilícitas beneficiaram da pandemia da COVID-19, que em alguns países viu os casinos serem encerrados ao abrigo de medidas de saúde pública.
Isto levou os operadores de casino a mudarem-se para espaços menos regulamentados, incluindo zonas fronteiriças afectadas por conflitos, e online, afirma o relatório.
A crise da COVID-19 também deixou muitos migrantes mais vulneráveis, retidos nos países e sem trabalho devido ao encerramento de fronteiras e de empresas.
Os bloqueios também fizeram com que as pessoas passassem mais tempo online e ficassem suscetíveis a se tornarem alvos de fraudes online, disse o relatório.